nunca mais rosas mancharão meu ventre

Sábado, 13 de Maio de 2006
Viagens II

Atravessámos a planície navegando onde o vento era fraco

e as flores da primavera tomavam estranhos coloridos

até sermos cercados pela terra.

À nossa volta

sobre nós

sobre cada coisa

ouvíamos sons imperceptíveis...

Dormimos por instantes sobre o cheiro da erva esmagada

sobre o morno da tarde

agarrados um ao outro por sonhos de roxo pincelados.

Transbordante é o dia!

Transbordante é o roxo!

 

 

Fotografia: Mar




Sexta-feira, 28 de Abril de 2006
Viagens I

o pombo correio voou arco-iris inconscientemente

no      espaço                                     aberto

                                 fechado      

                     em asas incandescentes

     salpicou os ares

     revestiu abraços de nuvens

                                    em ténues rosas, azuis, violetas

     revestiu novamente abraços em rosas

                                          abraços em azuis

                                                          em violetas

                                e

                                  caiu

                                           no

                                               mar

      debruçou

                   foi envolvido e disse:

                                   ... esfuma-me.... envolve-me....  ensopa-me...

 

Mar


Fotografia: autor desconhecido
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Quinta-feira, 13 de Abril de 2006
Sossega

 

 

Vou, mas deixo o coração contigo. Concorda com a minha alma. Rejubila a vida inteira. Sossega. Traz uma luz. Ajuda a noite a cair. Diz-lhe que a deixo cair em cima de mim. Cai. Larga-te no meu peito. Apaga a luz. Ninguém precisa de mim. Desliza em mim. Dá-me a tua alma. Concorda comigo. Dorme comigo. Precisa de mim. Deixa-te. Larga-te. Abraça-me e, sobretudo, faz de conta que não me deixas partir. Sossega. Vou, mas deixo o coração contigo.

 

Mar


Fotografia: Maria Marques
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Segunda-feira, 10 de Abril de 2006
Postal




Quem me dera estar aqui, neste jardim assim, neste recanto sem fim, rodeada de cheiros doces e acres. Apetecia-me estar na clareira onde estou, deitada no chão em que me deito, rodeada dos zumbidos e chilreios à minha volta. Com todos os zumbidos, chilreios, cheiros doces, cheiros acres, à minha volta: sem ti. Quem me dera conhecer-te como eles te conhecem. Estar sozinha. Aqui sozinha. Longe da minha casa. Longe de ti. Quem me dera ter mesmo chegado a este lugar para onde vim. Quem me dera saber escrever. Escrever-te um postal fazendo um esforço para me lembrar de ti. Talvez assim te esquecesse. Talvez assim. Quem me dera estar mesmo aqui. Ou aí nos teus braços tão bem vindos e tão quentes, de onde eu nunca, nunca saí.

 

Mar

 


Fotografia: Mar
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